sábado, 30 de abril de 2011

Do que vocês tem medo?

Quando eu tinha quinze, dezesseis anos, choviam garotos querendo namorar comigo. E olha que eu era uma menininha tola e perdida, sem carro, casta e com medo de ir para as baladinhas aos finais de semana, eu não queria deixar de ser a menininha do papai. Choviam caras. E caras interessantes, sério!
Aí agora, com vinte e um, mudei de bairro, ganho bem, ganhei bunda e peito, que eu não tinha, aprendi a fazer coisas legais como cheesecake e, e... nada. Os caras até se apaixonam por mim, se declaram, coisa e tal, mas nada de me levarem ao cinema de mãos dadas. Eu, meu guarda roupas super-fashion, meus livros publicados, meus artigos e minha cama nova, vivemos sozinhos.
Que é que eu tinha com quinze anos que eu não tenho mais? Não, não era um corpo melhor. Juro que eu to melhor agora. Também melhorei de cabelo, de pele, de sorriso, de voz. Meus amigos mais antigos tão aí pra confirmar, sempre que me encontram, comentam: “nossa, como você ficou melhorzinha com os anos!” Então qual é o problema?
Será que me falta aquela ‘’pureza’’ que eu tinha com quinze. Poxa, mas eu não era exatamente pura, eu era só bobinha. Daquele tipo mala que espera no cinema e fala pro cara “sabe que é? Não to a fim não”. Que homem gosta disso? Hoje em dia se não to a fim não dou nem bom dia.
Será que os homens sentem falta de quando eu era colegial, com a mesadinha suada da mamãe? Pode ser. Homem é meio tosco e sempre se sente mais seguro com uma menina aprendendo o que é a vida. É mais fácil ser o rei da pegada com uma inexperiente, ou ser o rei do bom gosto literário com uma garota que paga o mcdonalds com ticket restaurante. É, definitivamente eu exigia e assustava menos naquela época. Mas será que é só isso mesmo? Acho que não.
Passei os últimos meses encarando todo e qualquer relacionamento como estudo antropológico e desvendei o grande mistério da minha solidão: os caras têm medo, na verdade, das minhas letrinhas. Dá pra acreditar?
Eles acham que se não forem bons o suficiente, no dia seguinte vai ter um texto meu. Eles acham que se não forem inteligentes o suficiente durante o jantar, no dia seguinte não vão escapar à minha critica “o que sobra dentro da calça falta dentro do cérebro”.
Já teve cara que me pediu “se você for me largar, promete que me conta antes de publicar? Não queria ficar sabendo pela Internet!” E teve também, claro, o clássico: “putz, gata, você já foi logo escrevendo que adorou a noite de ontem, que está apaixonada...ficou muito fácil, perdeu a graça”.
Outro dia ouvi de um cara que tava me paquerando “não, não vou ler seu blog, vai perder o mistério”!
É isso então. É aí que está o problema. Eu escrevo sobre a minha vida e isso causa nos machos um misto de medo “será que ela vai me expor?” com um misto de quebra de magia “ah, ela se expõe demais ali, prefiro aquela mulher muda e sem personalidade que sempre vai ser um mistério para mim”.
Entrei numa baita crise. Já pensei em tirei o blog do ar e tudo. Tô repensando a vida, tô repensando a morte. Mas acho que agora cheguei a uma conclusão maravilhosa e definitiva: nenhum homem, até hoje, me deu mais prazer do que escrever. Então que se fodam eles.

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