sexta-feira, 1 de abril de 2011

O tempo todo em todo lugar

Fiquei com vontade de falar sobre a época, em que quando alguém queria falar comigo, era só me gritar no portão da minha casa láááá em Benfica.
Coisa boa eram esses tempos.

De shortinho, camisetinha e uma chinelinha havaiana cor-de-rosa, lá estava eu em minha casa, lendo algum livro, brincando com as minhas barbies.
Sempre à tardinha quando o sol estava se despedindo, alguém me chamava pra conversar, contar um caso, chamava pra dar uma volta ou paquerar aquele vizinho gatinho.
Passaram alguns anos e o celular se popularizou, quem queria falar comigo, deixou de ir com frequencia até minha casa, e passou a me dar uma ligadinha de três segundos.
-alô... (amiga)
-oi... (eu)
-gra... (amiga)
- (amiga)
-eu (amiga)
-kamy (amiga)
-la (amiga)
- vamô... (amiga)
-na
-praça
-comê
-buguer
-do
-luis?

uahuauauhahuahua
Prático, não?! Apesar de deixarem de ir laaaaaaaaaaaaaaá em casa, apenas para jogar aquela conversinha fora, quando o assunto importava ou a saudade batia, nunca deixaram de me ver, de ligar e fazer alguma coisinha juntos.
(Você já reparou como a palavra saudade nas redes sociais virou "oi" na boca de qualquer um, não tem mais sentimento, não tem verdade). Isso é assunto pra outro texto..

Há cinco anos atrás, estava eu com 15 aninhos, e eis que surge o orkut. Com uma foto no perfil, uma descrição esmiuçada sobre nossas vidas, a página do perfil atraia amigos e não amigos (um prato cheio para fofoqueiros). Quem tinha saudade ou ia me ver atoa, apartir daquele momento aderiu ao movimento comique-se com um "scrap". Meu aniversário, era comemorado com: ''scrap". Tinha gente que me via na rua e nem se dava ao trabalho de dar aquele gritinho amigo:

- Graziiiiiii oieeeeeeeeeeeeee!!!

O trabalho todo consistia em entrar no orkut, e deixar "scrap":
- te vi hoje passando perto da lan-house, em frente a academia.
Ou seja, o orkut, virou o fofoqueiro, uma fofoca virtual, todo mundo sabia da minha vida. Mas cadê o face to face?
As pessoas sabiam quais festas eu frequentava, com quem eu estava namorando ou terminando, qual foi o modelo de vestido que usei anteontem. Tudo por causa do "diabo" do scrap.
Até que um dia, inventaram o dedo duro ''visitantes do perfil'', e o bloquear para não amigos. Até que melhorou a invasão de privacidade, os não amigos se sentiram intimidados com essa barreira virtual e deixaram de saber de mim e de muitos outros.

Mas o mundo virtual é assim, ele não acompanha o compasso do nosso relógio, e eu que mal digeri a intromissão diluida à falsa sensação de conhecer pessoas que o orkut nos dá , já me vi cadastrada no facebook, curtindo status e compartilhando links. Também tem o twitter, né? Que me trás os mais variados assuntos comentados no mundo, e além disso me informa sobre acontecimentos da minha cidade, ou me diz que ''fulano'' ou ''cicrano'' está em um bar estourando de beber, explodindo de feliz...
...e eu me pergunto pra que isso? Eu, você nós realmente precisamos saber tudo isso da vida alheia?
E eu mesmo te respondo, não sei. Critico, Resmungo, sou chata e rusgenta mesmo, mas sou humana e tenho todas as redes sociais.
de uma coisa tenho certeza,
(...)não vai parar por aí....

Só sei que sinto falta de quando meus amigos iam até minha casa me ver, ou me ligavam de três segundos. Hoje meu celular nunca toca, vou no facebook ninguém fala comigo,no twitter ninguém mencionou à @grazijf, o orkut, putz, esse só tem vírus... poxa eu fico triste. Porque é chato ser rejeitado por uma pessoa de carne e osso, imagine como me sinto sendo rejeitada por uma, duas, três, QUATRO meios tecnológicos diferentes!




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